Wednesday, February 13, 2013

A DESPEDIDA VITORIOSA DO PEDRO VICTOR DE LAMARE


Pedro Victor de Lamare foi um dos principais pilotos brasileiros da década de 60 e começo dos anos 70. Com passagens pela equipe Jolly e Cebem, e diversas outras equipes, Pedro Victor ficou mais famoso a partir da introdução do Opala nas competições brasileiras. Foi um dos primeiros a usar o modelo de forma eficaz, a partir de 1970, e a experiência resultou em três títulos brasileiros na Divisão 3, em 1971, 1972 e 1973. A divisão 3 era uma categoria de carros de turismo altamente preparados. Devido a despesa e dificuldade para importação de componentes na época, na realidade eram poucos os carros na Classe C, onde corria De Lamare, e certamente poucos eram competitivos. Assim, muitos podem tentar desmerecer as realizações de Pedro Victor, como piloto dominante da categoria. Esquecem-se, entretanto, que Pedro Victor corria também em outras categorias, com igual eficácia.

Em 1971, Pedro Victor disputou diversas corridas com um protótipo Fúria, com motorização Opala e BMW. Também participou da Fórmula Ford, no seu primeiro ano no Brasil, e foi vice-campeão do torneio, ganhando uma corrida.

Em 1972, Pedro Victor abandonou a Fórmula Ford, mas comprou um protótipo Avallone, que foi devidamente equipado com motor Chevrolet. Correu com esse carros durante dois anos, ganhando uma prova do campeonato brasileiro de Divisão 4 de 1973.

Em 1973, Pedro Victor também participou de diversas provas de Divisão 1, também com Opala. Chegou em 7°, com Jaime Levy, na SPI 200. Nas Mil Milhas, esta disputada com carros da Divisão 3, Pedro Victor marcou o melhor tempo nos treinos, mas infelizmente impôs um train de corrida muito veloz para prova tão longa, liderando desde a largada, e acabou abandonando.
Além disso, Pedro Victor também participou de duas corridas do Torneio Internacional de Fórmula 2 de 1972, correndo com um March alugado. O carro era fraco, mas valeu a experiência de correr contra pilotos da F-1.

Na própria Divisão 3, Classe C, Pedro Victor teve fortes adversários: entre outros, correu contra Luiz Pereira Bueno, com Opala preparado pela Equipe Hollywood, que disputou os certames de 1972 e 1973; contra Ciro Cayres, que disputou provas em Interlagos em 1972; Pedro Carneiro Pereira, radialista gaúcho que era osso duro de roer, principalmente em provas no Sul; além de Antonio Castro Prado, Luis Landi, Antonio Carlos Avallone, José Pedro Chateaubriand, Celso Frare, Julio Tedesco e Carlos Eduardo Andrade. Isso sem contar que, principalmente em pistas molhadas, os fuscas eram uma pedra nos pés dos Opalas. Em Tarumã, por exemplo, o recorde de volta da Classe C era de Pedro Victor, 1m20.65s, e a melhor marca da Classe A era de Fernando Esbroglio, 1m22.68s. Em Cascavel a diferença também era pequena, só de 4 segundos, 1m17.4s(De Lamare, Classe C) e 1m21.8s (Julio Caio).

Para 1974, Pedro Victor de Lamare pretendia fazer carreira na Europa. Embora se auto considerasse “velho” para fazer a escalada F-F/F-3/F-2 até F-1, Pedro Victor queria fazer sua marca em protótipos. Assim, a 6a. e última corrida do Campeonato Brasileiro de Turismo, de 1973, seria a sua despedida dos autódromos brasileiros.

Nos treinos da corrida em Interlagos, Luiz Pereira Bueno marcou o excelente tempo de 3m18.6s, seguido de perto por Antonio Castro Prado e Luis Landi, com 3m19.6s, e José Pedro Chateaubriand, 3m26.0s. Pedro Victor teve problemas nos treinos, acidentando-se, e largou entre os últimos. Entre os 41 inscritos, havia uma popular participação: Camilo Christofaro, com o mesmo Maverick com o qual terminara 2° nas Mil Milhas. O carro, embora Divisão 3 em nome, estava mais para Divisão 1, de forma que Camilo pouco pôde fazer contra os Opalas, e nem mesmo contra os fuscas mais rápidos. Mas foi a estréia do Maverick na Divisão 3.

Na corrida, que só teria uma bateria de 8 voltas (as outras corridas do CBT tiveram duas baterias), e seria disputada com asfalto molhado, Pedro Victor fez excelente largada, e na primeira volta já estava em 4°, seguindo Luizinho, Julio Tedesco e Castro Prado. Chateaubriand passou Pedro, que entretanto, revidou logo após, passando a forçar a barra contra Castro Prado. Os dois brigaram muito, e no retão, Pedro Victor passou, assumindo o 3° lugar.

Eventualmente, Pedro passou tanto Tedesco como Luizinho, assumindo a liderança, seguido de perto por Castro Prado. Esse último era o seu mais próximo concorrente no campeonato, e chegou a passar Pedro Victor no começo da 5a volta. Na próxima volta, Pedro Victor assumiu a ponta definitivamente, ganhando a prova e o campeonato. Em 2°, na prova e no campeonato, ficou Castro Prado. A prova também marcou a vitória de Ingo Hoffmann na Classe A. Em 6° lugar, uma surpresa: Newton Pereira com um Chevette negro, conseguiu a terceira posição na classe A. Newton fora o piloto mais ocupado do ano, largando em 20 provas de certames brasileiros, correndo nos três campeonatos nacionais(turismo, Divisão 4 e Fórmula Ford) e também em provas da Divisão 1, extracampeonato. A boa posição com um carro novo coroava um ano de muito esforço. Em contrapartida, um Ford Corcel, raramente usado na Divisão 3, chegou em 19°, com Jeronimo Pereira. A melhor volta da corrida acabou com Luizinho Pereira Bueno, 3m44.8s

Última corrida de Luis Pereira Bueno com o Opala da Hollywood
Resultado
1. Pedro Victor de Lamare – Opala, C, 30m55.2s, 8 voltas, média de 123,363 km/h
2. Antonio Castro Prado – Opala, C
3. Ingo Hoffmann – VW, A
4. Roberto Fanucchi – VW, A
5. Jose Pedro Chateaubriand – Opala, C
6. Newton Pereira, Chevette, A
7. Fausto Dabbur, VW, A
8. Amadeo Campos, VW, A
9. Ney Faustini, VW, A
10. Luiz Osorio, VW, A
11. Camilo Christofaro, Maverick, C
12. Claudio Cavallini, VW, A
13. Luiz Pereira Bueno, Opala, C, 7 voltas
14. Plinio R. Giosa, VW, A
15. Luiz Brazolim, VW, A
16. Reynaldo Campello, Opala, C
17. Tony Prillo, VW, A
18. Nivaldo Trama, Opala, C
19. Jeronimo Pereira, Corcel, A
20. Sa Carvalho, VW, A
21. Paulo Volpe, VW, A 6 voltas

Infelizmente, a temporada de 1974 de Pedro Victor foi infeliz. Comprou um March esporte de 2 litros, para participar do Campeonato Europeu, além de provas do Mundial de Marcas. Neste último, foi anunciado que pretendia contar com a parceria de Chiquinho Lameirão.

No fim das contas, o campeonato europeu de 2 litros foi um grande fracasso em 1974. Diversas provas foram canceladas, e para piorar, a equipe oficial da Alpine Renault simplesmente arrasou com a concorrência. Pedro Victor não se adaptou bem à categoria, e seus resultados foram inexpressivos. Quanto ao Mundial de Marcas, Lameirão tornou-se representante da Polar em São Paulo, disputando provas de Fórmula Ford e Super-Vê, e o parceiro de De Lamare, na única prova disputada, em Brands Hatch, foi Castro Prado. Largaram em 23°(entre 35 inscritos) e abandonaram. Pedro Victor acabou passando a maior parte do ano disputando provas de 2a. linha na Inglaterra, onde conseguiu obter a vitória.

Se o desapontamento foi a causa da sua aposentadoria, não se sabe, mas a verdade é que Pedro Victor nunca mais correu, nem no Brasil, nem na Europa.



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