Wednesday, February 13, 2013

UM NOVO ASTRO NASCE EM CURITIBA



A Autozoom era uma pequena oficina, situada na Rua Vitorino Carmilo, em São Paulo. Apesar de pequena, ambiciosa, pois participava do automobilismo com certa freqüência, sem obter grandes resultados, é verdade. Preparava um belo fusca vermelho, que corria no Campeonato Brasileiro de Viaturas Turismo, na Classe A.

A concorrência da Classe A era acirrada. Em 1973 o preparo de motores VW atingira um nível muito alto, e os fuscas mais rápidos freqüentemente deixavam Opalas e FNMs a ver navios. Entre outros pilotos que disputavam o campeonato de 1973 estavam Julio Caio de Azevedo Marques, Alex Dias Ribeiro, Mauricio Chulam, Edson Yoshikuma, Mario Pati Junior, Amandio Ferreira, Fausto Dabbur e Alfredo Guaraná Menezes. A partir da segunda etapa, um estreante, Alfredo Menezes de Mattos pilotaria um dos carros da Autozoom. O outro era pilotado por Guaraná. Alfredo Menezes de Mattos disputara as corridas para estreantes e novatos em 1972 e fora promovido para piloto de competição em 1973.

A segunda etapa do campeonato de 1973 seria realizada em Curitiba, a primeira vez que o circuito era usado neste campeonato. Um número surpreendente de carros foi inscrito: 43, para uma pista curta que só comportava 25 carros. Até a classe B, que geralmente minguava, tinha seis carros, entre os quais o Opala 2500 do veterano gaúcho Jose Asmuz.

Assim decidiu-se fazer duas corridas: uma para os 26 carros da Classe A, e outras com os 17 carros das classes B e C. Dessa forma todo mundo ficaria contente, afinal de contas, muitos pilotos vieram de outros estados, com forte contingente de São Paulo, e alguns pilotos do Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.

O pole position da Classe A foi Julio Caio, que pilotava o Fusca da Equipe Hollywood. Marcara o tempo de 1m45,78s, nada mal se comparado com a pole da classe C, de Pedro Victor (1m39,57s). De fato, o tempo de Julio Caio foi o 5° mais rápido, ficando na frente até de Luis Pereira Bueno. Julio Caio foi seguido de Edson Yoshikuma, da Equipe Gledson Amador, Alfredo Guaraná Menezes, Jose Chemin, Ney Faustini e Sebastião Sá Carvalho. Diversos paranaenses participavam, entre os quais Emilio Pederneiras, Edy Bianchini, e Antonio Muffato Sobrinho. O rápido gaúcho Fernando Sbroglio foi mal nos treinos e só marcou o 19° tempo. Mas ainda assim, ficou na frente de Alfredo Menezes de Mattos, que não marcou tempo, e largaria na 25a. posição.

As corridas teriam 1 hora cada, em vez de ser programadas por número de voltas. Na primeira corrida do ano, em Tarumã, houve zebra e o desconhecido catarinense Roberto Alves ganhara na Classe C, mas na geral, quem levou foi Fausto Dabbur com um Fusca da Classe A. A primeira vez que os Fuscas batiam os Opalas na geral. Em Curitiba não haveria esta possibilidade, pois os carros correriam em provas diferentes. Nada de zebras no Paraná!

A prova da Classe A foi bastante disputada, como geralmente era a categoria “A”. Infelizmente, o pole position Julio Caio abandonou com seu Fusca bem preparado após 6 voltas, deixando o caminho livre para os outros favoritos, entre os quais, Guaraná, Yoshikuma e Fausto Dabbur. E estes foram se atrasando, um após o outro. Quando foi dada a bandeira, com 1h00m15,84s, o vitorioso foi o estreante Alfredo Menezes de Mattos, que completara 33 voltas. Um início auspicioso para uma provável carreira brilhante. Sim, pois na corrida das Classes B e C, o também estreante Nelson Silva só conseguira completar 32 voltas! A zebra estava comendo solta na Divisão 3. Se todo mundo estivesse junto na pista, o VW teria batido o Opala novamente. Alfredo voltou exultante para São Paulo, onde seria realizada a próxima etapa do campeonato.

A etapa de 22 de julho, em pleno inverno paulista, também contou com muitos inscritos, de fato, havia carros demais para a pista de Interlagos que só podia abrigar 50 carros. Como alguns não tinham condições de largar, sobraram 49 carros. Os Opala marcaram os 6 melhores tempos, seguidos de um certo Ingo Otto Hoffmann (3m34,054s), que também estreava como piloto de competição naquele ano, tendo Alfredo Menezes de Mattos marcado o segundo tempo na categoria (3m35.080s), batendo seu companheiro de equipe, o outro Alfredo, o Guaraná, por meros 0,010s). Mais próximo do que isso, impossível.

Na largada da primeira bateria, um único carro ficou parado: Alfredo Menezes de Mattos. Depois de alguns empurrões o carro engrenou, mas não sua carreira. Na corrida, Ingo Hoffmann ganhou a sua primeira prova como piloto de competições, iniciando uma carreira brilhante que dura até hoje. E Alfredo Menezes de Mattos ficou como mera nota de rodapé nos anais do automobilismo brasileiro. Rei morto, rei posto. Tão rápido. 

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